Nosso roteiro, destaques da viagem e projetos visitados na Índia
Na Índia devemos ser como pedras num rio, deixando suas águas passar. Nesses dois meses, percorremos 18 cidades e 7 projetos de empoderamento feminino. Depois de muitas noites passadas na Indian Railways, ônibus pirotécnicos, quartos compartilhados e sofás do couchsurfing, finalmente entendemos algo: não é possível compreender este universo próprio e intrigante que é a Índia. Devemos apenas aceitar o novo e o estranhamento, tenha ele cara de um abraço afetuoso com cheiro de especiaria ou de um soco no estômago diante da paupabilidade da matéria humana, que nos ensina tanto sobre pobreza e riqueza.
Nesta matéria, fizemos um resumo com dicas de hospedagem, atrações e quais projetos visitamos das seguintes cidades:
Delhi | Agra | Jaipur | Jodhpur | Jaisalmer | Udaipur | Pushkar | Varanasi | Rishikesh | Mumbai | Anjuna | Agonda | Hampi | Bangalore | Fort Kochi | Alappuzha | Varkala | Munnar
Uma viagem feminina:
dois meses na Índia conectando com empoderamento feminino
Viajar pode ser uma das maiores ferramentas para entendermos paralelos com outras realidades e desigualdades. Para nós, tornou-se forma de interligar nossas crenças e ativismos, como agente de mudança. Chegou um ponto que simplesmente explorar sem tentar trocar com autenticidade e impacto local não fazia mais sentido por si só.
Pensando nisso, embarcamos em uma jornada para esse Universo particular que é a Índia, em contato com muitas iniciativas locais de concretização do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável número 5 da ONU, Igualdade de Gênero. (Para saber mais sobre a Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável da ONU aperte no link).
Nosso trabalho aqui no blog é falar sobre viagens: disseminar realidades documentadas, passando um pouquinho das nossas impressões e dicas para viajantes. Esperamos narrar histórias e trocar o que descobrimos das vozes de mulheres indianas tão potentes e inspiradoras.
#viajamulher
Nos nossos últimos dias de Índia, visitando a Project Três, um projeto que visa a capacitação e a independência financeira das mulheres em uma comunidade de Anjuna, Goa, nos fizeram um questionamento: Se depois desta jornada de norte à sul do território indiano, enxergávamos a Índia como um país feminino ou masculino.
Difícil de responder, quando a divisão por gênero na sociedade é tão brutal, mas, por outro lado, tendo feito uma viagem tão focada no aspecto feminino. Mas o que podemos dizer depois de nos jogarmos neste giro é que ele se mostrou muito mais fácil do que pensamos que poderia ser, na perspectiva de duas viajantes mulheres.
Aqui listamos as nossas principais dicas em resumo, onde nos hospedamos e os projetos visitados. Colocamos outras dicas de hospedagem, já que sabemos que a Índia é um destino que atraí todos os tipos de viajantes.
Aonde fomos:
Triângulo Dourado: Déli – Agra – Jaipur
O chamado Triângulo Dourado, assim nomeado devido à antiga rota do ouro, está compreendido na região noroeste da Índia, ao sul da cordilheira do Himalaia. Começando pela capital, Déli e passando por Agra, onde fica o Taj Mahal, trata-se de um dos roteiros culturais mais famosos do país, sobretudo para quem não tem mais tempo para explorar o restante do Rajastão, mas quer ter um gostinho em Jaipur.
Déli
Déli é controversa. É a porta de entrada da maioria dos viajantes que encaram as longas filas de imigração de seu aeroporto. Mas muita gente passa batido por aqui, fugindo do choque cultural que pode ser a capital da Índia, sobretudo se somado ao jet leg. Mas nada como uma boa dose de reconhecimento para fazer com que os entusiasmados entrem rapidinho no fuso.
Para nós foi importante ter logo esse tapa na cara de explosão do HD sensorial, destinando alguns dias para conhecer a capital, onde se encontram alguns dos principais pontos turísticos do país como o Red Fort, o maior mercado de especiarias do mundo, importantes templos hindus, sikhs e mesquitas. Destine ao menos um dia para se perder nas ruelas coloridas e impactantes de Old Delhi – a cidade antiga, que exploramos de bicicleta com o Delhi By Bike. A boa notícia é que o metrô de Déli é incrível e você sempre pode terminar o dia comendo em algum restaurante moderninho, nesta metrópole de tantos contrastes e desigualdades.
Principais atrações de Déli: Red Fort, Old Delhi e o mercado de especiarias Chandni Chowk, Mesquitas como a Jama Masjid, a maior mesquita da Índia, o Palácio do Império Mughal, Lodi Gardens, Portão da Índia ou India Gate, os monumentos Qutub Minar e Tumba de Humayun. Também não deixe de conferir os templos Gurudwara Bangla Sahib, Lakshminarayan e o Lotus Temple.
Projeto que visitamos em Déli: adoramos conhecer mais do Sakhara Cabs, nosso primeiro projeto do Empodere. A Sakhara Cabs, em parceira com a Azad Foundation, emprega e capacita mulheres para serem motoristas, operando em várias cidades do norte do país, conferindo independência financeira feminina. Chegando no aeroporto fomos recepcionadas pela Moída, que nos levou para a cidade.
Você pode reservar seu transfer da Sakhara Cabs pelo site ou ir direto no guichê que elas têm no Terminal 3 do aeroporto de Déli.
Onde ficamos: Couchsurfing. Nosso host foi o Ari, em South Delhi. Apesar do espaço confortável, tivemos algumas questões com a dinâmica da casa. Por uma noite também ficamos no GoStops que, apesar de ter uma ótima localização, não curtimos tanto, ainda mais quando comparamos com outros hostels que ficamos pelo país.
Onde se hospedar em Delhi – outras opções:
Mochileiros: Madpackers – ótima opção de hostel para quem está mochilando e quer ficar perto de Old Delhi;
Custo-benefício: Aashianaa Living – com boa relação custo benefício no sul de Déli; Treebo Natraj Yes Please – mais central e com preços acessíveis;
Luxo/conforto: Taj Palace – ótimo hotel no Sul de Déli para quem quer mais de conforto e não está com orçamento apertado.
Saiba mais:
Empodere: Do aeroporto de Déli para a cidade com a Sakha Cabs
Guia de Déli: nossas dicas sobre a capital da Índia
O que fazer em Déli: melhores atrações da capital da Índia
Old Delhi de bicicleta: como foi a experiência de pedalar na capital da Índia
Agra
Quase todos os viajantes que vão à Índia colocam Agra em seu roteiro, já que aqui que é onde fica o Taj Mahal, uma das Sete Maravilhas do Mundo. De grandiosidade e beleza inquestionáveis, o Taj – famoso no Brasil pela música de Jorge Ben que conta sua história em ritmo carnavalesco: um monumento em homenagem ao amor, um presente do príncipe Shah Jahan para a sua amada Mumtaz Mahal – cuja construção iniciada em 1632, para ser o mausoléu da princesa, levou um total de 22 anos, usando a mão de obra de 20 mil homens e mil elefantes.
Apesar de não ser um destino que precise de muitos dias, recomendamos bastante ir também nas outras atrações de Agra: o colossal Agra Fort, que achamos ainda mais belo que o Red Fort de Delhi e o carinhosamente chamado Baby Taj. Para tanto você pode contratar um tuktuk, como o Manish, que foi nosso guia e motorista. Adoramos o nosso dia com ele e o seu contato está no post de Agra (em breve).
Projeto que visitamos: conhecemos o Sheroes Hangout, uma ONG do #stopacidattacks e café em Angra que empodera e emprega mulheres vítimas de ataques de ácido, lembrando que a Índia é um dos países com mais alto nível de feminicídio do mundo.
Onde nos hospedamos: MadPackers, ótimo hostel, todo novinho e com café da manhã.
Onde se hospedar em Agra – outras opções:
Mochileiros: Moustache Hostels;
Custo-benefício: Taj Castle Homestay – boa relação custo benefício e localização;
Luxo/conforto: Taj Resorst – hotel 4 estrelas com preços acessíveis.
Saiba mais:
Taj Mahal: saiba como comprar ingressos e visitar essa maravilha, em Agra
Agra: outras atrações além do Taj Mahal e dicas para conhecer a cidade
Empodere: Sheroes Hangout, um restaurante feito por mulheres sobreviventes de ataque de ácido, na Índia
Jaipur
Conhecida pela importância histórica e cultural de sua Pink City, Jaipur é a capital e a maior cidade do Rajastão, sendo um dos principais centros urbanos do Norte do país. Apesar de ser uma grande metrópole que beira o caos, preserva as tradições e os costumes da província, atraindo muitos turistas interessados pela riqueza cultural e pelos seus belos fortes e construções cor de rosa.
As principais atrações de Jaipur são: o Raj Mandir, o Hawa Mahal – mais conhecido como Palácio dos Ventos – a Fortaleza Amber, o Museu do Palácio da Cidade, o observatório astronômico Jantar Mantar e o Complexo do City Palace.
Onde nos hospedamos: couchsurfing da Joly. Uma experiência bem intensa, um pouco controversa, no entanto ela não está mais disponível na rede.
Onde se hospedar em Jaipur – outras opções:
Mochileiros: Moustache
Custo-benefício: Dera Rawatsar – um dos queridinhos do guia de viagens Lonely Planet, com boa relação custo benefício;
Luxo/conforto: The Raj Palace – hotel para quem quer conforto digno dos marajás.
Região Norte: outras cidades do Rajastão, Varanasi e Rishikesh
Rajastão: Jodhpur – Jaisalmer – Udaipur – Pushkar – Jaipur
O Estado que visitamos o maior número de cidades cada uma com personalidade própria, fazendo grandes deslocamentos de ônibus noturno. Foi uma parte da viagem bastante intensa e rica, mergulhando na cultura ancestral indiana e com estímulos para todos os lados.
Jodhpur
Jodhpur foi uma boa surpresa. Apesar de ser bem grande e ter um trânsito caótico, foi uma delícia de visitar e as atrações turísticas são relativamente concentradas. Seu apelido, Cidade Azul, é por conta de um dos seus bairros, que tem várias casas pintadas de azul índigo: cor que repele os mosquitos e deixa o ambiente mais fresco, além de ser um símbolo de status de outrora – quando a Blue City era moradia dos brâmanes, a casta mais elevada, no banido sistema de castas. Por aqui, as ruelas estreitas são preenchidas pelo comércio: em cada portinha, há um universo com lojas de tecido, especiarias, restaurantes, barbearias e vendinhas. Para além da Cidade Azul e das ruelas do Centro Histórico, o destaque vai para o Forte de Mehrangarh, o mais lindo que visitamos no Rajastão.
Principais atrações de Jodhpur: se perder nas ruas da Cidade Azul, Forte de Mehrangarh, Mercado Sandar, Clock Tower, escadarias na Toorji Ka Jhalra Bavdi, Rao Jodha Desert Rock Park, Tumba Jaswant Thada.
Projeto que visitamos: Nos encantamos com o Sambhali Trust, que atua na capacitação de mulheres e crianças dalits no Rajastão através do artesanato, possibilitando formação e independência financeira. Inicialmente, as meninas tem que passar por dois anos de educação, fazendo aulas regulares de hindi, matemática, inglês e defesa pessoal.
Onde ficamos: Moustache Hostel, uma das melhores redes de albergue no Norte do país, em que nos hospedamos várias vezes ao longo da viagem.
Onde se hospedar em Jodhpur – outras opções:
Mochileiros: Zostel – outra famosa rede de hostels indiana para quem está mochilando ou com menor orçamento;
Custo-benefício: Geeta Mahal – charmosa homestay localizada nas proximidades da Blue City;
Luxo/conforto: Ratan Vilas – para quem quer um pouquinho de luxo.
Jaisalmer
Em Jaisalmer é possível ter um gostinho do que foi, anos atrás, os tempos de reinado dos Marajás. Seu Forte Dourado é um dos maiores do mundo e é habitado até hoje, diferente dos outros do Rajastão, que funcionam apenas como museu. Por isso, há muita vida dentro da cidade murada, com comércio, restaurantes e casas de famílias que moram lá há muitas gerações. A cidade também se expande para fora das muralhas, mas é bem menor do que as outras que conhecemos na província. Apesar de ser um destino muito turístico, é possível perceber que Jaisalmer é um lugar bem conservador e autêntico – com muitas vacas por todos os lados, claro. Uma das principais atrações também é fazer um “safari” no deserto de Thar, que fica bem próximo.
Principais atrações de Jaisalmer: andar nos labirintos da cidade murada, entrar nos templos Jain, visitar o Palácio do Forte, pernoitar no deserto de Thar, ver o pôr do sol no Lago Gadi Sagar.
Onde ficamos: Couchsurfing do Devi no Shahi Palace. <3 Sem dúvidas, o Shahi Palace é a nossa indicação de hospedagem, não só porque o Devi foi um anfitrião muito querido, mas também pelo local ter uma ótima relação custo benefício.
Onde se hospedar em Jaisalmer – outras opções:
Mochileiros: Moustache Hostels – nossa queridinha rede de albergues desta viagem, para quem está mochilando;
Luxo/conforto: Killa Bhawan – hotel romântico para quem gosta de mais conforto.
Udaipur
Acabou que a Cidade Branca famosa por ser a “mais romântica do Rajastão”, foi a que achamos menos interessante e não ficamos muito tempo por aqui. É verdade que seus lagos cortados por pontes são bonitos, e está em um pouco mais moderninha, mas não sentimos uma atmosfera tão impressionante quanto nas outras cidades que passamos na região. Além do que, achamos os preços, no geral, bem mais caros – talvez por ser um destino popular para casamentos dos famosos de Bollywood. Para sermos sinceras, entre uma infecção alimentar e repouso, o que mais curtimos em Udaipur foi um espetáculo de fantoches e danças típicas do Rajastão, que, embora possa parecer turistão, é bem interessante pelo aspecto cultural.
Principais atrações de Udaipur: Conhecer o City Palace, o Lago Pichola, o Saheliyon-ki-Bari e o Palácio Jag Mandir. Além das apresentações típicas no Dharohar Folk Dance Theater.
Onde ficamos: Moustache Hostel, este foi o único Moustache que passamos que não gostamos tanto, por não ter uma relação custo benefício tão boa como os outros. Mas como mencionamos, Udaipur é um pouco mais cara.
Onde se hospedar em Udaipur – outras opções:
Mochileiros: Zostel – outra opção para quem está mochilando;
Custo-benefício: Jaiwana Haveli – boa relação custo benefício;
Luxo/conforto: Taj Lake Palace– um extravagante hotel ilha, no meio do lago de Udaipur.
Pushkar
Depois de quase um mês viajando pela Índia, em cidades grandes e intensas, decidimos visitar Pushkar, conhecida por ser uma pequena cidade sagrada, com um clima hippie. Mas não se engane, apesar de ter uma energia tranquila, o destino é um dos mais importantes para o hinduísmo, sobretudo devido ao seu lago sagrado e inúmeros templos. Todos os dias, centenas de hindus fazem oferendas e se banham nas águas do lago para serem abençoados. Aliás, tranquilidade é uma definição que se encaixa relativamente em Pushkar, justamente por esse vai e vem de famílias enormes de fiéis e ruas com vacas, macacos, cachorros, pombos e motos que somam em muita informação. Mas, para nós, foi o destino perfeito do Rajastão para respirar e dar uma pausa nas grandes metrópoles indianas. Vale a pena programar a viagem durante a colorida Feira de Camelos de Pushkar, um evento que acontece por volta da segunda semana de novembro, todos os anos.
Principais atrações de Pushkar: observar o vai e vem de fiéis nos ghaats* do lago, presenciar a cerimônia do pôr do sol, ver o nascer e pôr-do-sol no templo Savitriou, fazer compras nas lojinhas da Main Market Road, já que Pushkar é um famoso destino de compras do país, com preços bastante atrativos.
*Os ghaats são degraus que levam a um rio ou lago, usados para cerimônias religiosas.
Onde nos hospedamos: nos hospedamos novamente no Moustache Hostel e gostamos bastante.
Onde se hospedar em Pushkar – outras opções:
Mochileiros: Madpackers – outra ótima rede de hostels, apesar de ser um pouquinho mais cara que o Moustache, tem café da manhã incluso.
Custo-benefício: Mayur Guest House – pousada com clima familiar, com boa relação custo benefício;
Luxo/conforto: In Seventh Heaven – charmoso e confortável hotel com uma varanda deliciosa, muito bem recomendado pelo guia Lonely Planet.
Varanasi
Beirando o Rio Ganges, está Varanasi, que despertou tudo que há de mais intenso em nossos sentidos, sendo até complexo de expor em poucas palavras. Sem dúvidas, foi um dos pontos altos de nossa viagem e encorajamos todos que vem para cá vivenciarem por conta própria, Baranas, como é chamada no acento hindi. Apesar de muita coisa ser sagrada na Índia, Varanasi é a cidade mais sagrada para o Hinduísmo, atraindo além de turistas, peregrinos de todo o país que enchem suas mais de 400 ruelas apertadas e coloridas. Segundo a tradição Hindu, se as cinzas queimadas aqui no fogo eterno de Shiva são espalhadas no Ganges, há a redenção da vida terrena, o que torna o local o mais nobre para morrer. Por conta disso, muitas pessoas vem para cá no final da vida ou familiares trazem os corpos dos entes queridos para serem queimados em seus Ghaats, que beiram o rio.
Já pensou vir longas horas de trem junto de um corpo?! Mais de 200 corpos são queimados nos crematórios todos os dias. Mas para a nossa surpresa, a cidade não tem uma energia pesada, pelo contrário. É bastante viva. No rio, que na verdade é uma mulher, Ganga, mãe de todos os indianos, pessoas escovam os dentes, tomam banho, fazem oferendas, crianças tem ritos de passagem…
Principais atrações de Varanasi: cerimônias sagradas no nascer e pôr do sol nos ghaats, passeios com os barqueiros tradicionais, andar pelas ruelas em busca das cenas cotidianas e aproveitando para olhar o comércio; comer em pequenas biroscas ou se aventurar na comida de rua – para gente, sem dúvidas essas foram as principais atrações…! Outros pontos de interesse: templos Sankat Mochan e o templo tibetano em Sarnath, além do templo dourado de Shri Kashi Vishwanath.
Projeto que visitamos: Associação de Mulheres de Sarnath que, lideradas por Radha Devi, se uniram em lutas comuns: os direitos das terras de sua comunidade (apropriadas pelo Estado, independente do título, rendendo embates legais e conflitos físicos, que se arrastam por anos); e a independência financeira das mulheres Rajbhar.
Onde nos hospedamos: Couchsurfing do Shunya, um ativista social e pesquisador que abriu as portas para a gente conhecer o projeto de Sarnath. Também ficamos algumas noites no Moustache Hostel.
Onde se hospedar em Varanasi – outras opções:
Mochileiros: Shiva Ganges View – guesthouse recomendada pelo guia Lonely Planet com ótima localização;
Custo-benefício: Hotel Ganges View – pequeno hotel com boa relação custo benefício;
Luxo/conforto: Brijrama Palace – um fabuloso palácio 5 estrelas cuja edificação foi construída no século XVII.
Saiba mais:
Como e porquê fazer um passeio de barco no Rio Ganges, em Varanasi
Empodere: o budismo de Sarnath e a Associação de mulheres Rajbhar, em Varanasi
Rishikesh
Depois dos dias mais intensos das nossas vidas em Varanasi, desembarcamos aos pés dos Himalaias, em Rishikesh. A primeira coisa que nos chamou atenção foi a diferença da cor do Rio Ganges que, em Varanasi é verde oliva, poluído, e em Rishikesh pertinho da nascente na cordilheira, é verde esmeralda, cristalino. Ir pra lá foi uma boa pedida para assimilar tudo que a gente tinha vivido nas últimas semanas, porque a cidade é bem tranquila. Rishikesh ficou conhecida internacionalmente como a capital da yoga, depois que os Beatles passaram dois meses em um dos seus ashrams* fazendo meditação transcedental, nos anos 60, e, por isso, é repleta de estúdios de yoga e cursos bem em conta para quem quer ser professor, os famosos teacher trainings.
*Os ashrams são centros hindus de retiros espirituais para a prática da meditação e yoga.
Principais atrações de Rishikesh: fazer aulas avulsas de yoga e meditação ou teacher training (normalmente duram cerca de um mês), visitar as ruínas do Beatles Ashram, fazer trilha nas montanhas e cachoeiras de Rishikesh, dar um mergulho no Rio Ganges, passar a tarde em cafés e aproveitar as good vibes da cidade.
Onde nos hospedamos: primeiro nos hospedamos no hotel Hashtag Hostel e depois passamos alguns dias no Asharam Vishnu Yoga Shala, uma ótima opção para quem quer vivenciar um pouquinho da rotina de um asharam, sem ficar isolado.
Onde se hospedar em Rishikesh – outras opções
Mochileiros: Live Free Hostel – outra opção com quartos compartilhados para quem está mochilando;
Custo-benefício: Vashishth Guest House – opção de pequeno hotel com boa relação custo benefício;
Luxo/conforto: Ganga Kinare – na beira do rio para quem não abre mão de conforto.
Centro Índia: Mumbai e arredores
Considerada a capital financeira e a maior cidade da Índia, a frenética Bombai, é uma metrópole gigantesca de 20 milhões de habitantes. É muita gente. Mesmo. Tanta, que muitas vezes beira o caos. Além de não faltar gente, sobram opções do que fazer para vivenciar a rotina local. Em que pese não ser um destino com grandes atrações turísticas, a cidade grande com ares de Bollywood nos proporcionou museus, arquitetura colonial britânica, idas ao cinema para ver filmes em Hindi sem legenda, muitos longos deslocamentos de City Train. A cidade cresceu sem planejamento de um sistema de transportes, o que fortaleceu ainda mais o cicloativismo local, cuja líder Firoza tivemos o prazer de conhecer e pedalar juntas.
Principais atrações em Mumbai: Portão da Índia, Taj Mahal Palace, Ilha Elefanta, Bade Miya, Chowpatty, antiga estação Victoria Terminus e a Catedral São Thomas, são alguns destaques, mas novamente, aqui o foco é justamente viver a rotina local.
Projetos visitados: Sundara Fund que atua, em parceria com o Gabriel Project, na comunidade de Kalwa, na capacitação feminina para reciclagem de papel e sabonetes provenientes de hotéis. As ONGs fazem um extenso trabalho comunitário, conferindo educação para as crianças locais e alimentação da cozinha das Massala Mammas, atendimento médico popular e limpeza da água por preço de custo, prevenindo doenças em uma das comunidades mais carentes de Mumbai.
Também conhecemos o projeto de cicloativismo da Firoza, o Smart Commute Foundation. O objetivo é incentivar os moradores de Mumbai a ir ao trabalho pedalando, além de fazer doação de bicicletas para crianças de comunidades.
Onde nos hospedamos: Mumbai foi interessante para vivenciar um pouquinho da rotina indiana, fora da rota turística. Sobretudo, pois passamos nossos dias na companhia de nosso host do Couchsurfing do Kabir. Uma dica é procurar hospedagens na parte sul da cidade, em Colaba.
Onde se hospedar em Mumbai – outras opções:
Mochileiros: Backpacker Panda – um ótimo hostel e muito bem localizado, em Colaba;
Custo-benefício: Hotel Abode Bombai – muito bem localizado, perto de várias atrações turísticas;
Luxo/conforto: The Taj Mahal Palace – o hotel mais famoso da Índia.
Região Sul: Goa, Karnataka, Kerala
Depois de um mês, mais do que intenso percorrendo o norte e o centro do país, fica claro o excesso de informação para ser digerido. Tanto do ponto de vista de cansaço físico, depois de inúmeros deslocamentos terrestres, quanto do emocional, de um país que ao mesmo tempo que causa fascínio, demanda energia. A ida ao Sul, que já era planejada para um segundo mês mais tranquilo, para nós se mostrou muito interessante para conhecer outras Índias e possibilidades de se viver esta vida, com um toque de coco e maresia.
Anjuna e Agonda, em Goa
Goa foi nosso último destino da viagem e acabou que tivemos pouco tempo por lá. Mas deu para ter um gostinho da antiga colônia portuguesa, que se tornou independente apenas em 1961 (após a própria independência da Índia britânica). Com culinária e arquitetura bem peculiares e inúmeras igrejas católicas, Goa também é conhecida por ser um dois principais destinos de praia no país, atraindo muitos turistas no seu litoral do Mar Arábico, de Baga até Palolem, outro vilarejo bastante procurado.
As praias do estado são bem famosas pelas festas de música eletrônica, já que aqui que nasceu o psy trance, nos anos 80, quando Goa era um destino hippie e de contra-cultura, ocorrendo encontros musicais espontâneos. Mas como não somos muito fãs de eletrônico, depois de ficar em Anjuna, na Project Três, procuramos uma praia mais tranquila para passar alguns dias em um bangalô pé na areia: o vilarejo pesqueiro de Agonda, com yoga e restaurantes veganos, se mostrou uma ótima escolha para nossos últimos dias.
Projetos visitados: Project Três, em Anjuna, que capacita mulheres através do artesanato para que alcancem independência financeira. Adoramos conhecer esse projeto, de iniciativa de uma brasileira, Carla. Nos surpreendemos com a horizontalidade da ONG comunitária e com o sentimento de empoderamento que o trabalho conferiu para as mulheres da comunidade.
Onde nos hospedamos: junto da Project Três, em Anjuna e depois no Saxony Beach Cottages, em Agonda.
Outros lugares para se hospedar em Agonda, Goa:
Mochileiros: não tem hostels em Agonda;
Custo-benefício: Resort Constantina Huts – pé na areia e conforto;
Luxo/conforto: THE WHITE Resort – pra divar na beira da praia.
Hampi e Bangolore, em Karnataka
Arrisco dizer que Karnataka foi o estado que mais gostamos na Índia. Não só por Bangalore, o principal centro urbano do sul do país que estivemos de passagem, ser uma metrópole bem mais amigável e com ótima comida sulista – o que envolve muito arroz e curry com leite de coco, mas sobretudo, por ser o estado que fica Hampi.
Hampi, cidade-patrimônio mundial da Unesco, foi a capital do próspero e dourado Império Vijayanagara de 1336 a 1585. Hoje, é considerada uma holy city para o Hinduísmo, com muitas ruínas e templos, que nos remetem aos seus tempos de glória. Mas o que mais nos encantou é que apesar de turística, se manteve autêntica e tranquila, nos permitindo aproveitar sua natureza exuberante e as cenas do cotidiano local.
Para além de conhecer a riqueza histórica-cultural, o lugar nos proporcionou deleite de sua paisagem repleta de coqueiros e campos de arroz ao fundo de sua exótica geologia – com pedras para todo lado! Cercada de montanhas de blocos, que formam setores de escalada para todos os níveis, Hampi se tornou o paraíso do boulder, atraindo a comunidade escaladora de todos os cantos do mundo. Passamos os dias dando rolézinhos de scooter, tomando banho de rio, entre um “pega” e outro na pedra.
*No momento estão acontecendo várias demolições muito controversas da estrutura turística da Hippie Island, parte de Hampi onde ficam os boulders. Para entender, vale conferir a página Climbers for Hampi.
Principais atrações de Hampi: visitar a Zona Arqueológica, os templos de Virupaksha e Tungabhadra, a Queens Bath e as ruínas do antigo Palácio – o que escolhemos percorrer de bicicleta; tomar banho no rio Tungabhadra, praticar yoga, fazer uma aula de escalada ou ir apenas ver o sol se por entre campos de arroz, de cima de algum setor.
Não tivemos tempo de conhecer, mas muita gente segue de Hampi para Gokarna, vilarejo de praia, também em Karnataka.
Onde nos hospedamos em Bangalore: Cuckoo Hostel, um ótimo pouso para quem estava de passagem.
Onde se hospedar em Bangalore – outras opções:
Mochileiros: Backpacker Panda
Custo-benefício: Hotel Treebo Trend Blu Orchid
Luxo/conforto: The Leela Palace Bangalore
Onde nos hospedamos em Hampi: Goan Corner, bouldering center. Opções de bangalôs e bivaque com mosqueteiro no terraço, além de ser um dos melhores restaurantes da área – atualmente está passando por mudanças.
Onde se hospedar em Hampi – outras opções:
Mochileiros: Rocky Guest House
Custo-benefício: Lotus Riya
Luxo/conforto: Resort Evolve Back Hampi
Fort Kochi, Alappuzha, Varkala e Munnar, em Kerala
Kerala, no extremo sul, nos apresentou uma Índia bem diferente, já que é considerado o estado mais progressista e com maiores índices de educação do país (sendo atualmente governado pelo partido comunista). Visitamos destinos variados: de plantações de chá e canais flutuantes à praias, passando por Fort Kochi, Alappuzha, Varkala e Munnar.
Fort Kochi
É a parte histórica e mais interessante, turisticamente falando, da capital Kochi. Trata-se de uma área charmosa à beira-mar, famosa pela arquitetura colonial holandesa, portuguesa e britânica, além das exóticas redes de pesca chinesas, feitas de bambu, na orla de sua praia. Passamos o ano novo por aqui, o que foi, sem dúvidas, pitoresco, já que a tradição local é queimar o Papai Noel durante os fogos da virada (e esse ano ele parecia com o controverso Primeiro Ministro indiano).
O que fazer em Fort Kochi: conhecer o bairro judaico, a Igreja de São Francisco – onde o explorador Vasco Da Gama foi originalmente enterrado, percorrer a orla e conferir os barcos pesqueiros; ver apresentações de danças típicas e comer em cafés gostosinhos.
Onde nos hospedamos: Kochill. Hostel um pouco mais carinho, mas super tranquilo e gostoso, todo novinho.
Onde se hospedar em Fort Kochi – outras opções:
Mochileiros: X Hostel
Custo-benefício: The Fort Bungalow
Luxo/conforto: Forte Kochi
Alappuzha
Apesar de ser um destino que não precisamos ficar muito tempo, gostamos muito de conhecer, antes de seguir viagem para Varkala. O principal motivo para vir para a pequena cidade de Alappuzha, mais comumente chamada pelo seu antigo nome, Alleppey é para conhecer seus canais fluviais que nos proporcionaram vistas de tirar o fôlego. As backwaters, renderam o apelido para Alleppey de Veneza do Leste, são uma delícia de percorrer em pequenas embarcações, caiaque ou canoa, enquanto observamos as cenas do cotidiano ocorrendo dentro de seus canais. Tem gente, inclusive, que opta por se hospedar em uma casa-barco para pernoitar dentro de sua principal lagoa.
Principais atrações de Alappuzha: passeios de barco pelas backwaters, conhecer o farol e as praias de Alappuzha e Marari, sendo a segunda um pouco mais isolada; e claro, comer muita dosa e bons thalis.
Onde nos hospedamos: The Bucket List. Não recomendamos, além de ser bem isolado, quase fomos devoradas por mosquitos, já que os quartos compartilhados não dispõe de mosqueteiros.
Outras opções de hospedagem em Alappuzha
Mochileiros: Zostel
Custo-benefício: Boho Homestay
Luxo/conforto: Why Not Houseboat
Varkala
Varkala é uma pequena praia no distrito de Thiruvananthapuram, em Kerala, que ficou conhecida por ser um boa opção para curtir os dias de mar na Índia. No quesito praia, é bom ter em mente que normalmente indianos e turistas estrangeiros não se misturam muito, o que tornou (junto com as ótimas opções de asharans e novos negócios abrindo) o vilarejo pesqueiro em uma pequena gringoland.
O que fazer em Varkala: em que pese não ser tão autêntica, curtimos bastante a atmosfera, praieira com ótimos cafés e restaurantes, entre aulas de yoga e mergulhos no mar, que são basicamente o que tem para fazer por aqui.
Onde nos hospedamos: Verve Hostel. Excelente albergue, levando em conta que não existem tantas opções em Varkala.
Onde se hospedar em Varkala – outras opções:
Mochileiros: The Lost Hostels
Custo-benefício: InDa Hotel
Luxo/conforto: Mint Inside Beach Hotel
Munnar
Conhecer os campos de plantações de chá de Munnar, que nos proporcionaram vistas maravilhosas, talvez tenha sido a principal razão que nos levou à Kerala. Munnar é uma cidade serrana na cadeia de montanhas Ghats, um antigo refúgio da elite da Índia Britânica, que levou o chá chinês para a região – que hoje é uma das maiores exportadoras de chá branco do mundo e a maior produtora de chá preto do país.
O que fazer em Munnar: trekkings e trilhas pelas montanhas e plantações de chá, conhecer pequenas fábricas de chá e chocolate, ver o cultivo de especiarias como cardamomo e canela, além de coco e café.
Onde nos hospedamos: Lost Hostel. Apesar de ser um pouquinho mais afastado tem uma ótima energia e espaço, fazendo jantares coletivos.
Outras opções de hospedagem em Munnar
Mochileiros: Electric Cats Hostel
Custo-benefício: Lady Queen B&B
Luxo/conforto: Blanket Hotel & Spa
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