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Quando você viaja o que é importante pra você? Se é conhecer a cultura de forma autêntica, viajando ao estilo big trips on small budgets, procurar um sofá na casa de algum local disposto a te receber e ajudar pode ser uma ótima ideia.
Apesar de ter um perfil antigo no Couchsurfing, foi apenas nesta minha última cicloviagem mexicana junto do @bikemyself que finalmente utilizei a plataforma pra valer. No início, arrumando meus alforjes, muitas apreensões. Seria minha primeira viagem de bicicleta e queria ter a vivência mais verdadeira e sustentável que conseguisse. Nesse post conto um pouco de como foram estas experiências me hospedando com locais, em um incentivo para você tentar também, seja em nossa família Latina Americana ou em qualquer lugar do mundo!
Bike Myself expedição mexicana
Eis que o meu amigo Pedro, do Bike Myself, me convidou para fazer parte de sua quarta expedição de bicicleta, para o México. Como viajaríamos com pouca grana e trabalhando com impacto sustentável, nos propusemos à ficar todo o tempo que conseguíssemos na casa de locais através do Couchsurfing, Warm Showers – uma espécie de couch exclusivo para cicloturistas – e nas acomodações da galera da AIESEC México, com quem tínhamos parceria, já que estávamos produzindo conteúdo para a AIESEC Brasil. A experiência não poderia ter sido mais positiva e enriquecedora. Foram muitos pneus furados e lares abertos, mostrando que a América Latina é nossa casa.
A AIESEC é uma plataforma internacional que possibilita o desenvolvimento pessoal e profissional de jovens estudantes através de programas de trabalho em equipe, liderança, intercâmbio e voluntariado, atuando na propagação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. Pode ser uma ótima maneira de viajar e empreender, procure saber mais no site deles.
Mas afinal, como é viajar de Couchsurfing?
Muito provavelmente, você viajante sabe o que é a plataforma online do Couchsurfing, ou, ao menos, já ouviu falar. Se é sua primeira viagem, não tem problema: em resumo, trata-se de um serviço de hospitalidade em que não há uma monetarização, embasando-se, como rede colaborativa, na troca e na generosidade. O host, abriga uma pessoa em sua casa, pela experiência de te receber e pela possibilidade de ser recebido, quando viajar.
Além de um “sofá” para cair, quando tiver cansado, é possível apenas combinar um encontro com outros viajantes e locais, ou ainda, colocar dúvidas em debate e pedir informações em seus fóruns. Como sempre, assim como no AirBnB e no Booking, a credibilidade e a segurança são assegurados pelos comentários e referências de cada usuário.
Mas, mais interessante do que não ter que pagar por uma hospedagem – o que também é muito relevante, já que possibilita viajar de forma muito mais econômica – é ter experiências autênticas e mais aproximadas da realidade do nosso destino, possibilitando a real imersão cultural.
Óbvio que nunca sabemos exatamente o que vamos encontrar, pode ser um colchão na sala de alguém ou um quarto, com um host super gente boa e disponível. Mas, com os comentários, podemos ter noção do que nos espera. Desta vez, no México, talvez por sermos dois amigos viajando de bicicleta, trabalhando com Direitos Humanos, tenhamos tido bastante facilidade para conseguir abrigo – salvo, uma ou outra ocasião, que por falta de planejamento prévio e o azar de cair em datas festivas, que não conseguimos achar nada, mas faz parte. Nada que um banco de rodoviária não tenha resolvido nos ensinando que tudo pode ser aprendizado se você está com os caminhos abertos para apreender. Mas mapeando sua rota junto do aplicativo você não terá problemas.
Falando brevemente sobre o Warm Showers, por ser um site ainda mais específico, apenas para cicloturistas, nos atendeu muito bem nesta biketrip – sobretudo pelos hosts já terem uma afinidade com a bicicleta, ou serem também viajantes de bicicleta.
Depois de uma viagem longa e mais de 1000 quilômetros pedalados, mudando nossos destinos e planos utilizando Couchsurfing, posso dizer que topei com pessoas que mudaram minha concepção de destino – que passa a ser personificado pelo host que nos recebe em nossas lembranças.
Minhas experiências com Couchsurfing na cicloviagem
Para ilustrar e incentivar você à experimentar a plataforma, poderia falar do choque de realidade e das portas abertas do León, em Belize City, quando cruzamos a fronteira México-Belize de bicicleta, da vez que o que nos esperava era uma comunidade Latino Americana e um colchão num quarto comunitário em Chiapas, ou da vez que o Warm Shower era na verdade um quarto de uma pequeno hotel familiar, uma alegre surpresa, depois de um dia cansativo e pneus furados, mas estes são outros capítulos.
Hoje vou para Zapotitlán Salinas, um pequeno vilarejo nos arredores de Tehuacán, em Puebla, onde nossa host foi a Angelita. Angelita tinha acabado de voltar de um intercâmbio na Espanha, onde tinha feito muito Couchsurfing e queria retribuir as trocas vividas na casa de sua família que abria as portas pela primeira vez, nos dando um quarto por quantos dias fossem necessários, com direito à muita comida feita por sua mãe e uma dose extra de cultura, respeito e simpatia mexicana.
Cactuário de Zapotitlán Salinas
Além de nos mostrar sua cidade natal, Tehuacán, no estado de Puebla – que acabou servindo de base por dias a mais para descanso e produção de trabalhos – Angelita fez questão de nos levar no vilarejo de sua abuelita, Zapotitlán Salinas, onde fica esse belíssimo santuário de cactos colunares, que com certeza, foi um ponto alto da nossa biketrip mexicana.
Os colunares são cactos em extinção que crescem cerca de 1,5cm por ano. Estar no meio de um vale repleto destes gigantes anciãos foi algo único e inesquecível, possível apenas, pois conhecemos a Angelita através do Couchsurfing. Veja o vídeo abaixo do Bike Myself para ter uma dimensão maior do local que é incrível e vale o deslocamento caso esteja indo para o estado de Puebla. 🙂
Para visitar o belíssimo Jardin Botanico Helia Bravo Hollis de cactos você deve incluir a cidade de Tehuacán, no estado de Puebla, no seu roteiro. Do centro de Tehuacán, basta tomar uma van pela carreteira, sentido Zapotitlán Salinas, o cactuário fica na beira da estrada. Os ingressos custam 30 pesos por pessoa e a visita é acompanhada de um guia de base comunitária.
É possível pernoitar no cactuário, alugando uma barraca por 50 pesos (2 pessoas) ou 70 pesos (4 pessoas). Eu pessoalmente fiquei com muita vontade!
Para completar a visita, você pode ainda ir até um dos pequenos restaurantes da pequena cidade, especializados em pratos de insetos. Outra curiosidade é que Zapotitlán Salinas é um povoado em que grande parte dos moradores, sobretudo os homens jovens, migraram para os Estados Unidos, existindo até uma espécie de correio especializado em receber o dinheiro e presentes enviados para os familiares.
Para saber mais sobre a cicloviagem veja esse post
Para ver mais post sobre o México
Para ver mais vídeos da expedição mexicana junto do Bike Myself
1 Comentário
[…] Se você tem interesse em trocar com pessoas locais, viajar de Couchsurfing pode ser uma experiência muito enriquecedora! Utilizamos muito a plataforma nesta viagem e ultimamente tem sido minha principal opção, não só pela vantagem de não ter um gasto com hospedagem, mas, sobretudo, pela possibilidade de ser abraçado pela cultura e pela generosidade das pessoas. Falo um pouquinho mais neste post. […]