Para além do Taj, neste post, contamos porquê vale a pena reservar mais tempo para conhecer as outras atrações de Agra, que é um dos principais destinos dos viajantes que vão à Índia!
Este é o nosso resumo de dicas do que fazer, como chegar, onde comer e se hospedar em Agra.
Se quer saber tudo sobre o Taj Mahal veja este post!
Agra, no estado de Uttar Pradesh, atrai, todos os dias, milhares de visitantes de passagem para conhecer o emblemático Taj Mahal. A grande maioria é indiana, vindos, em peregrinação, de todos os cantos do país. Mas quase todo estrangeiro que visita a Índia passa por aqui.
No entanto, apesar de ser um dos destinos mais visitados da Índia, verdade seja dita: a cidade de Agra não é exatamente bonita. Beirando o poluído rio Yamuna, a antiga capital do Império Mongol, em comparação com outras cidades do norte do país, não possui um charme especial. Agra se reergueu das ruínas e cresceu de forma desorganizada em função da fama da Maravilha.
Em um breve briefing: trata-se de um destino que, apesar de turístico e de seus quase 2 milhões de habitantes, ainda é tranquilo e empoeirado, com clima de interior, mas com muita buzina e pobreza. Não é à toa que muita gente acaba optando por um bate-volta para conhecer apenas o Taj Mahal, saindo de Déli. Não é uma opção ruim se você estiver com o tempo muito apertado.
Mas, tendo um pouquinho mais de folga, pegue essa dica: vale à pena dormir ao menos um dia em Agra, conhecendo as outras jóias dos tempos do Império – atrações que não sabíamos muito à respeito, mas que nos deixaram boquiabertas! O Forte de Agra, por exemplo, achamos mais impressionante que o emblemático Red Fort de Déli. Surpresas boas que contamos nesta matéria.
Desvendando Agra
Apesar de sua história antiga, de mais de 2 mil anos, a fundação de Agra data de 1475 por Badal Singh. Em 1501, tornou-se a capital do Império Mongol, após a derrota da dinastia do Sultão de Déli Sikandar Lodi.
Manteve-se como capital do Império entre os séculos XV e XVI, sob a proteção dos imperadores Humayun, Akbar, Jahangir e claro, Shah Jahan, protagonista até da música de Jorge Ben e o responsável pela construção do Taj Mahal.
Nestes tempos áureos, Agra atraía artesãos de todo o continente e tecnologia, que ergueram palacetes, mausoléus, jardins e grandes monumentos, como o próprio Taj Mahal; o Itmad-ud-Daula, apelidado de Baby Taj, e o Forte de Agra – que sobreviveram às mazelas do tempo, ou, talvez, tenham sido poupados por beirarem à perfeição.
Chegamos ao presente em uma cidade patrimonial de uma Índia moderna, que atraí cada vez mais viajantes, tendo a economia local totalmente voltada ao turismo.
Como chegar e quanto tempo ficar em Agra
De trem
Agra fica à 210km de Déli. Se você optar por ir de trem, assim como nós, vai encarar um dos trajetos ferroviários mais suaves que fizemos em toda a viagem pela Índia. São cerca de 3 horas, o que foi ideal para nossa estreia na Indian Railway!
Lembrando que você pode optar pelas mais diferentes classes de trem da Indian Railway: do luxo à sleeper class – que, apesar do nome, é a mais simples. No geral optávamos pela 3A ou 2A, dependendo da distância e do preço.
Em breve faremos um guia completão com tudo que você precisa saber para encarar e aproveitar ao máximo o maior sistema ferroviário do mundo!
De carro
Outra alternativa é contratar o serviço de um motorista. Esta opção pode ser mais interessante caso opte pelo bate-volta, pois seria bem menos cansativo, porém mais cara. A viagem pela via expressa da Yamuna Expressway leva em torno de 3 horas. Mas mesmo assim, continuamos indicando o pernoite, para poder conhecer as outras atrações da cidade.
Diríamos que de dois a três dias inteiros são suficientes por aqui. Um motorista para fazer este tipo de serviço de bate-volta e te levar nos atrativos cobra em torno de 200 e 300 USD (com ingressos à parte).
Indicação de motorista: Sarwan Singh
– tel: +91 99999-87796, e-mail sarvansingh62@gmail.com.
De avião
Existe também a opção de ir de avião, mas ficamos sabendo que dependendo da época do ano pode ser que os voos não estejam disponíveis, ou tenham atrasos devido à baixa visibilidade. O aeroporto de Agra é pequeno e a cidade tem muita neblina.
O que fazer: Tuktuk, Agra Fort & Baby Taj
Se não tiver um motorista, o que os turistas costumam fazer para facilitar os deslocamentos de uma atração para outra, com pausa para almoço, é contratar a diária de um tuktuk.
No nosso caso, chegamos meio viradas, com nossas mochilonas, na estação de trem de Agra. Apesar dos traços brasileiros muitas vezes terem alguma familiaridade com os indianos, é fácil identificar @s gring@s chegando, não tem jeito. Entre vários motoristas se degladeando naquela clássica (muitas vezes desgastante) barganha da chegada, achamos o Manish, que acabou sendo outra surpresa para lá de boa, e que nos permitiu conhecer bem mais do que imaginávamos!
Bem verdade que chegamos em Agra no escuro, desconhecendo sua história, limitando-a como “a cidade do Taj Mahal”. A surpresa foi muitíssimo bem-vinda.
Depois de um chá pra espantar as zicas, oferido pelo Manish, e feito o check in no MadPackers, nosso hostel, começamos o dia indo até o Agra Fort, seguindo, após a parada de almoço para o Baby Taj e alguns comércios, típicos de Agra, fechando um ótimo dia.
Agra Fort:
O Agra Fort é grandioso, todo em arenito vermelho e mármore branco, murado e protegido com um fosso. Acho que foi aqui que inventaram a palavra suntuoso.
Já tínhamos lido no nosso fiel guia da Lonely Planet que valia muito a visita ao forte. Na verdade foi devido à esta informação que optamos em ficar duas noites por aqui, não tinha necessidade de correria, afinal, tínhamos dois meses pelo país (parece muito, mas passa voando, com tantos destinos, tão diferentes uns dos outros).
E é com tranquilidade que conseguimos sair da zona de conforto, conhecer, conversar, observar os detalhes e entender que o destino vai muito além do Taj Mahal.
Apesar de ter sido fundado antes da própria cidade de Agra, em 1080, foi apenas com Sikander Lodi, no final do século XV, que o singelo forte de tijolos se transformou numa cidade murada. Lodi era primeiro sultão de Déli e decidiu se mudar de Déli para Agra, fazendo do forte sua residência e tornando a cidade capital. Com sua morte, em 1517, seu filho assumiu o poder, edificando mesquitas e fortes no interior de seus muros. Mas, foi morto nove anos depois numa batalha contra os mongóis, que iniciaram sua dinastia.
Humayun foi coroado no próprio forte, em 1530. Akbar fez também do forte sua morada no final do século XVI, marcando a fundação em 1565. Um dos últimos imperadores, Shah Jahan, detentor do mausoléu mais famoso do mundo – o Taj Mahal – fez modificações antes de sua morte. O Forte de Agra continuou sendo morada dos imperadores até 1638. Posteriormente, uma ala de alojamentos foi acrescida pelos britânicos, ao norte da construção.
Atravessar a porta principal Amar Singh – homenagem ao fiel guerreiro de Shah Jahan – e penetrar os grandes muros de arenito vermelho, deu até um friozinho na barriga! Percorra a extensão de todo forte devagar desbravando cada cantinho. E se prepare para ser requisitado para muitas selfies!
Os destaques do Forte de Agra:
- Diwan-i-Aam, pilotis de mármore branco, utilizado para audiências públicas dos imperadores;
- Mesquitas Nagina, Moti e Masjid (a menor mesquita do mundo, de uso apenas do imperador);
- Portas Amar Singh e Delhi, a última utilizada apenas para fins militares;
- Jahangiri Mahal, palácio feito no reinado de Akbar, formado por salões, galerias, pátios e masmorras no subsolo. Em seu interior ficava o harém principal de Akbar, também chamado de zenana.
- Khas Mahal, outro palacete imperial, todo em mármore talhado, em estilo hindu.
- Banheiras – sim, banheiras gigantes.
O valor do ingresso é de 300 rúpias para estrangeiros, definitivamente muito bem pagos para visitar este patrimônio da UNESCO. Fica aberto do amanhecer ao pôr do sol – só eu acho muito prático esse conceito para explicar os horários de funcionamento?
Almoço no Green Park, Baby Taj e pôr do sol nos jardins de fundo do Taj Mahal:
Depois de ficarmos impactadas com o Forte de Agra, fizemos uma pausa para o almoço caseiro no Green Park. Foi a sugestão do Manish: curtimos a comida caseira honesta – o clássico combo curry e chai que nunca decepciona – em uma agradável jardim, escondido do resto da cidade. Recomendado.
Em sequência, fomos novamente surpreendidas conhecendo o lindíssimo mausoléu mongol I’timād-ud-Daulah, carinhosamente chamado de Baby Taj. Erguido entre 1622 e 1628, trata-se de uma pequena caixinha de jóia, cercada de jardins e na beira do rio Yamuna.
Construído em mármore branco e na pedra vermelha do Rajastão, sua arquitetura é esplendida, marcando, na mixagem dos materiais, a transição de uma fase para outra no estilo mongol de construção. Seus afrescos e mosaicos coloridos de pedras preciosas como topázio, onix, lapis lazuli, jade e rubi, ainda estão preservados, possibilitando um verdadeiro teletransporte para outros tempos.
No interior do Baby Taj jazem os corpos de Mirza Ghiyas Beg e sua esposa Asmat Beghum, avô da famosa Mumtaz-Mahal, a amada do Taj Mahal. Definitivamente um lugar para se visitar, sendo que, muitos dizem que seu interior e entalhamento, inspiraram a parte interna do próprio Taj.
Valor do ingresso: 300 rúpias para estrangeiros, abeto do amanhecer ao pôr do sol.
Seguimos o nosso dia no tuktuk do Manish atravessando um trânsito insano: uma bela aglomeração de tuks, motos, feirantes, vacas e muita buzina que apenas vivenciando conseguimos entender. Em toda nossa experiência, neste quesito de trânsito indiano, rs, podemos afirmar: o de Agra só perdeu para Varanasi. Portanto, prepare-se! Ou melhor, esteja sempre preparado para qualquer coisa, é basicamente a lição que a Índia nos deu.
Mas chegamos à tempo de ter nossa primeira visão próxima do Taj Mahal, antes do sol se pôr. Fomos até os jardins Mehtab Bagh, do outro lado do rio Yamuna, proporcionando uma linda e mística vista dos fundos da edificação. Aproveite para tirar fotos já que, provavelmente, aqui vai estar muito mais vazio que no interior do Taj, o que também confere uma atmosfera de paz para contemplar o monumento, de um outro ângulo. Por acaso, acabamos reencontrando nos jardins um amigo que fizemos no hostel de Déli, o John.
Antes de nos despedirmos do Manish, conhecemos algumas lojas. Agra é famosa pelos tecidos e pedras preciosas. Claro que é um toma lá dá cá entre lojista e motorista. A regra é ser simpátic@ e ir apenas no que interessar, sem precisar ser otári@. Não precisa ir em todas as lojas que o tuktuk propor se não estiver a fim de dar uma olhadinha! Fomos nas que estávamos curiosas antes de voltar para o hostel. Como boas mochileras, vimos muita coisa e compramos quase nada, rs.
Apesar das buzinas, foi bem divertido ter um panorama geral da cidade neste tuktuk super descolado. Fizemos até essa sessão de fotos do Manish, como vocês podem ver, ele adorou ser modelo por um dia.
Foi muita sorte ter entrado justamente no tuktuk do Manish, então nós recomendamos bastante o serviço dele. Além dele ser um amor, ele conhece bem a história de Agra. Seguem os contatos:
Telefone: +91 99179 33757
Página no Facebook: fb.com/Agra-Tuk-Tuk-Tours-with-Manish
Outras atrações de Agra e experiências do AirBnB:
Caso você esteja com tempo, dê um confere no Túmulo de Akbar e nos templos Bateshwar, nos arredores da cidade. Este último é um passeio de dia inteiro, nas ruínas mongóis, muito interessante para quem se interessa em arqueologia, mas demanda mais tempo.
Ademais, como vocês sabem, somos muito fãs das experiências do AirBnB. Inclusive, fazemos/somos anfitriãs de uma pedalada aqui no Rio. Fizemos uma listinha de experiências bacanas:
Yoga no Taj Mahal – já pensou praticar com este cenário de background?
Walking Tour privado pelas ruelas de Agra, passando por mercados e por uma parte da cidade menos turística, conhecida como Tajganj
Food Walk – comida de rua, essa com certeza é nosso tipo de experiência!
Nos respectivos links você encontra todas as informações, reserva ou salva para garantir sua experiência!
Precisa de guia?
Fica a seu critério. Claro que quanto mais informação melhor. Estávamos viajando low cost e optamos por ir com o guia Lonely Planet, rs. Mas deixamos aqui a indicação de um bom guia, dividindo com mais pessoas, sempre vale à pena:
Sanjay Srivastava: telefone +91 9837184455, e-mail shrisanjay2000@gmail.com
Você pode também pedir outras indicações no local que estiver hospedado. No geral os guias cobram 20 USD a diária, ou 500-600 rúpias para ir em uma atração, depende do câmbio, quando fomos 1 USD equivalia à 70 rúpias.
Onde comer em Agra
Além do restaurante Green Park, que mencionamos, conhecemos alguns outros que gostamos bastante:
Nos deliciamos no Peshawri, que fomos à convite do John. Deve ter sido o restaurante mais fancy que fomos em toda a viagem da Índia! Apesar de ser mais carinho, achamos uma experiência que valeu à pena, já que a comida estava bem gostosa. Pedimos entradas feitas no tandoori, a especialidade da casa, e diferentes currys de vegetais, apesar do restaurante não ser exclusivamente vegetariano – uma exceção na Índia.
Curtimos bastante também o Good Vibes Cafe, que ficava bem pertinho do nosso hostel – Talhis com preço justo e um dono muito simpático, sempre escolhendo músicas em sua junkbox.
Mas a nossa dica que você não pode deixar de ir é no Sheroes Hangout. Um café de comida afetiva indiana, operado por mulheres vítimas de ataques de ácido, em parceria com a #stopacidatacks. Contamos mais desta visita no post da nossa série Empodere, já que esta viagem à Índia foi pautada pela disseminação do ODS5, Igualdade de Gênero, em que visitamos e trocamos com vários projetos e iniciativas locais // @sheroes_hangout.
Leia nossa matéria sobre o café – Empodere: Sheroes Hangout, um restaurante feito por mulheres sobreviventes de ataque de ácido, na Índia
Onde se hospedar em Agra
Nos hospedamos no Madpackers, um hostel super moderninho, um dos melhores que ficamos em toda a viagem, e que tem até café da manhã incluso. Mas sempre pesquisamos opções de hotel e até AirBnB para todos os tipos de viajantes:
Se não tem um orçamento e quer um quarto com vista para o Taj Mahal, confira o The Oberoi Amarvillas, 5 estrelas à 600 metros da construção. Luxo é pouco.
Se quer conforto e padrão continental, o DoubleTree by Hilton Agra, é uma ótima opção.
Mas se procura uma opção de pousada familiar bem gracinha, com um charme indiano e café da manhã incluído, a nossa dica é o The Coral House Homestay. Super colorido, foi aqui que nosso amigo John se hospedou e pudemos conhecer.
Para quem procura uma hospedagem com mais quartos, ideal para quem viaja em grupo, achamos esta uma excelente opção no AirBnB.
Veja também nosso post sobre o Taj Mahal.
E claro… selfies de Agra:
Se tiverem alguma dúvida será um prazer responder nos comentários!