A primeira visão de La Paz impressiona: a cidade foi feita dentro de um enorme cânion, cercado por montanhas nevadas a 3700m acima do nível do mar. Os prédios e casas parecem emaranhados uns nos outros naquele enorme vale do Altiplano, preenchido pela urbanidade.
No trânsito caótico era possível observar os inúmeros cartazes com o rosto do atual presidente, Evo Morales. Ele é apresentado nas publicidades quase como uma divindade e, para muitos bolivianos, é motivo de orgulho, por ser o primeiro descendente indígena a ocupar esta posição. Um desses cartazes me chamou atenção: tinha acabado de ser lançado o primeiro satélite da Bolívia no espaço – um evento que para nós, brasileiros, só aconteceu três anos depois, em 2017.
A capital federal da Bolívia é assim: mistura tradição com a modernidade. De um lado o concreto, do outro os mercados com oferendas para os deuses. As roupas coloridas das chlolas se misturam com as calças jeans, com os cabelos tingidos e com as trancinhas tipicamente bolivianas.
La Paz se mostrou para mim um lugar extremamente interessante. Está longe de ser uma cidade dominada pelo turismo, com atrações incríveis. É a essência indígena da Bolívia misturada com o urbano.
Com certeza vale a pena conhecer La Paz. Vem descobrir as atrações e todas as informações para montar sua viagem!
O que fazer
Caminhando pelo centro
Dê uma volta pelas ruas de La Paz e se deixe levar. Só não esqueça de parar pra respirar de vez em quando, já que a cidade é a capital mais alta do mundo e o soroche pode te deixar meio zonzo.
Ande pela Plaza Murillo, entre na Catedral Nuestra Señora de La Paz e vá até a Iglesia de San Francisco.
Mercados
Os mercados de La Paz valem o passeio. São coloridos, barulhentos, confusos e vendem artigos um tanto quanto inusitados: desde aparelhos eletrônicos duvidosos até produtos para oferendas aos deuses e frutas.
O Mercado de las Brujas é o mais famoso, localizado entre as ruas Jiménez e Linares. É verdade que você pode comprar panos estampados e souvenirs no local, mas o que chama a atenção são as ervas medicinais e os produtos de “bruxaria”, que dá nome ao mercado. Aproveite e compre um um kit de oferenda à Pachamama. Vai que você precisa né? Preste atenção aos fetos de lhama secos: eles são usados para colocar na porta das casas para protegê-las de terremotos.
Bem pertinho, na Calle Sagárnaga, você pode encontrar vários artigos bolivianos, roupas, bolsas, panos coloridos. Faça a festa, eles costumam ter preços muito bons. E não esqueça de barganhar!
Outras opções de mercados interessantes são o 16 de Julio, localizado na praça que tem o mesmo nome e o Mercado Negro.
Para provar delícias bolivianas, vá no Mercado Lanza ou no Mercado Camacho.
Museus
Um museu que vale muito a pena de ser visitado, não pelo acervo, mas pelo esclarecimento sobre a folha de coca, sua história e usos atuais, é o Museo de la Coca. Há muito preconceito relacionado à folha, com turistas que a ligam diretamente à cocaína, porém não é bem assim. Ela tem propriedades nutricionais e terapêuticas muito importantes e está na cultura andina há milhares de anos. Para se transformar em droga, é preciso fazer um processo químico enorme que só começou depois que os norte-americanos a descobriram. A entrada custa 10 bolivianos (R$4,60).
Outros lugares interessantes são o Museo Nacional de Etnografía y Folklore e a Calle Jaén, que tem vários museus e basta comprar uma entrada para ter acesso a todos eles.
Andar de teleférico
Inaugurado em 2014, o teleférico tem uma das maiores redes de transporte suspenso do mundo, com mais de 11 estações. Não deixe de dar uma voltinha nele pra ter uma visão panorâmica da cidade, a passagem custa só 3 bolivianos (R$1,30)!
Cholitas luchadoras
Essa é uma das atrações mais inusitadas e interessantes de La Paz. Eu só soube disso depois que voltei de viagem, uma pena. Mas o Fodam-se os postais faz um relato bem interessante no site deles.
Trata-se de uma luta livre das chlolas. Sim, aquelas tradicionais mulheres bolivianas, que ficam com roupas típicas e trancinhas – e elas lutam com essas mesmas roupas, em uma performance incrível. Não deixe de incluir esse espetáculo, que é símbolo de resistência feminina no roteiro! Depois conta pra gente como foi.
Bate-voltas
Tiwanaco
A 72km é possível visitar uma das cidades mais importantes do período pré-Inca. Tiwanaco é um prato cheio pra quem gosta de sítios arqueológicos. O passeio com guia e transporte desde La Paz custa 160 bolivianos (R$72). Veja todas as dicas aqui.
Valle de la Luna e de las Ánimas
Bem pertinho de La Paz, você pode visitar esses lugares que te fazem se sentir em outro planeta – ou na lua. As formações rochosas do Vale da Lua e Vale das Ánimas são impressionantes e um prato cheio para fotógrafos.
A diferença dos dois é que o Valle de la Luna é muito mais visitado por turistas, está a 10km de La Paz e fica em um local que está cercado de condomínios. Já o das Ánimas é mais roots, está mais preservado, mas é mais distante, a 20km do centro da cidade.
É possível fazer os passeios com guia e combinar o Valle de la Luna com Chacaltaya por apenas 60 bolivianos (R$27).
Chacaltaya
A Bolívia ganha todos os rankings de lugares mais altos do mundo e, para completar, outro deles é a estação de esqui mais alta, em Chacaltaya. Atualmente não é possível mais ir ao local para esquiar, já que a estação está desativada, mas o lugar continua sendo um dos principais passeios turísticos de La Paz.
Deixe para conhecer Chacaltaya depois que já estiver mais acostumado com a altitude, porque a montanha está a mais de cinco mil metros acima do nível do mar. E não esqueça o casaco, lá em cima é congelante e pode chegar a -15 graus.
Andar de bicicleta na Estrada da Morte
Esse passeio é pra quem gosta de aventuras e não tem medo de altura. A estrada que liga La Paz à região de Yungas é a mais perigosa do mundo. Nem pense em fazer esse trecho de ônibus, mas se você gostar de rolés de bike e adrenalina, é uma boa pedida.
O passeio é feito com agência, que providencia todos os equipamentos necessários e te deixa lá no topo. Na descida, há trechos bem estreitos e que você pega bastante velocidade. O passeio dura o dia inteiro e custa cerca de 430 bolivianos (R$200).
Escolha muito bem a agência que for contratar e certifique-se que as bicicletas são adequadas! Quando o assunto é segurança, não vale a pena economizar. Algumas indicadas são a Gravity Bolivia e Deep Rainforest.
Lago Titicaca
Muitas pessoas indicam o bate-volta para a parte boliviana do Lago Tititcaca, mas vá por mim e durma pelo menos uma noite em Copacabana para realmente aproveitar o local. Veja nossas dicas aqui.
La Paz como ponto de partida para o Salar de Uyuni
Muitas pessoas passam por La Paz antes de seguir viagem ao Salar de Uyuni. Você pode ir de ônibus/transfer/avião. Recomendo o avião, porque a viagem de 8h é muito cansativa. Pegue muitas recomendações da agência que você for contratar!
Eu acabei não fazendo essa parte na minha viagem, mas no Viaje na Viagem tem um relato bem completo pra você pegar as dicas!
Onde comer
Antes de viajar para a Bolívia todo mundo me dizia pra ter muito cuidado com a comida, já que todo mundo que viaja pelo país passa mal pelo menos uma vez – e não deu outra. Por conta disso, escolha muito bem onde vai fazer suas refeições e sempre fique atento às comidas de rua e mercados.
Os vegetarianos podem fazer a festa, já que quase todos os restaurantes tem opções deliciosas sem carne.
Algumas recomendações são o Café del Mundo, Namas Té e o restaurante do Naira Hostal, onde eu me hospedei, que é muito bom!
Quando ir
La Paz sempre tem um clima frio por conta da sua altitude e todas as estações são boas para visitar a cidade. No verão, o clima é mais ameno, mas chove mais. Eu fui nesta época e a chuva não me atrapalhou, mas tudo depende da sua sorte. Normalmente os turistas preferem fazer essa viagem pela Bolívia e Peru durante o inverno, entre junho a agosto, quando o tempo está mais firme.
Quantos dias ficar
Eu recomendo pelo menos quatro dias inteiros: um dia para conhecer a cidade e três dias para passeios bate-volta.
Onde se hospedar
Eu fiquei no Naira Hostal, que é excelente. Como eu já estava no final da viagem, queria ficar em um lugar mais confortável e ele tem um preço um pouco mais caro – mas que, mesmo assim, vale muito a pena. A diária de um quarto de casal com café da manhã custou US$50 (para 2 pessoas).
Mochileiros podem ficar no Loki Hostel e quem quer luxo pode se hospedar no Stannum Boutique Hotel & Spa.
Locomoção e como ir
Dentro de La Paz
Fique hospedado no centro para poder se locomover a pé pela cidade. Repare nos ônibus, parece que eles saíram de um filme de 1940, são super retrô. Os táxis são baratos, mas combine o preço antes de começar a corrida para que eles não cobrem valores abusivos!
Como chegar na cidade
O Aeroporto Internacional de La Paz, o El Alto, fica a 12km da cidade. Paguei US$50 em um táxi do hotel até lá, mas depois descobri que dava para conseguir mais barato, por cerca de 60 bolivianos (R$27). Adivinha só: ele é um dos mais altos do mundo! Não há voos diretos para o Rio e São Paulo.
Muitas pessoas chegam a La Paz de ônibus, pela estação rodoviária Calle José Maria Assim. Há várias opções de viagens para Copacabana, Puno, Sucre e Santa Cruz de la Sierra.
Segurança
Vamos a um ponto importante: a segurança. Quanto a cidade, fique tranquilo, me senti mais segura em La Paz do que me sinto no Rio de Janeiro. É claro que em nenhum lugar do mundo é bom dar mole, sobretudo sendo turista, portanto saiba para onde está indo, pegue táxis no hotel ou peça para o restaurante chamar, não ande em ruas duvidosas, etc.
Porém, quando se trata de agências de passeios e estradas, fique atento. Só contrate agências muito bem recomendadas, que tenham uma infraestrutura muito boa e não economize nessa parte! Quanto às estradas, a mesma coisa. As rodovias na Bolívia são extremamente perigosas, os ônibus são precários e os carros também. Evite viajar à noite e use sempre cinto de segurança.
Quanto custa – dicas para economizar
A Bolívia é um dos países mais baratos que eu já fui. O dinheiro deles é muito desvalorizado comparado com o real. Por conta disso, é bem fácil economizar. A minha dica é pesquisar bem o hostel, para pagar barato e não ficar em um muquifo e comer em lugares que são bem avaliados, pra não passar mal.
Leve seu dinheiro em dólares e troque nas casas de câmbio, não vale a pena comprar pesos bolivianos no Brasil. O mesmo vale para os pesos peruanos.
Meus gastos de dois dias em em La Paz foram:
Hotel: 160 reais (dá pra ser bem mais barato)
Comida: 140 reais
Transporte: 16 reais
Passeios: 73 reais (Tiwanaco)
Taxa de embarque no aeroporto: 160 reais
TOTAL: 549 reais.
ROTEIRO PERSONALIZADO – nós planejamos toda sua viagem e entregamos um roteiro detalhado com sugestão de passeios dia a dia, dicas de restaurantes, locomoção e melhores atrações. Também fazemos assessoria de passagens aéreas, hotéis e tudo que você precisar. Perfeito pra quem ama viajar, mas não gosta ou não tem tempo de se programar.
HOSPEDAGEM – reserve seu hotel com o nosso link do Booking e ajude a manter o blog no ar! Não tem nenhuma alteração de preço pra você, mas nós ganhamos uma pequena comissão.
ALUGUEL DE CARRO – nosso parceiro de reservas é o RentCars, que faz busca das melhores tarifas com as principais locadoras.
Mais sobre meu mochilão na Bolívia e Peru:
Veja aqui meus gastos detalhados do mochilão no Peru e na Bolívia
Clique aqui para acessar todos os posts sobre a Bolívia
4 Comentários
[…] locais impressionantes é Tiwanaku, uma antiga cidade pré-inca que fica a 72 quilômetros de La Paz, na Bolívia. O sítio arqueológico é Patrimônio Mundial da Unesco desde 2000 e um bate-e-volta imperdível […]
[…] Copacabana é a porta de entrada para as Ilhas do Sol e da Lua – Islas del Sol y de la Luna, parte boliviana do Lago Titicaca. A cidade, que está a mais de 3800 metros acima do nível do mar, fica na fronteira entre Peru e Bolívia, a 154km de La Paz. […]
La paz não é a capital da Bolívia.
Oi Nathalia. A Bolívia tem duas capitais, Sucre, que é a constitucional e La Paz, que é a federal, sede do governo desde o século XIX 🙂