Criada no auge do Ciclo do Diamante, no início do século 19, a cidade de pedra de Igatu, antes chamada de Xique-Xique de Igatu, é um dos destinos mais charmosos da Chapada Diamantina. Os turistas têm a impressão que estão dentro de um cenário de cinema quando vão explorando as construções históricas, as casas coloridas e as ruas tranquilas. O apelido de Machu Picchu baiana se dá por suas estruturas serem de pedra, assim como no sítio arqueológico peruano.
Mas o mais interessante desta pequena cidade é sua história, que conta muito sobre o passado da região.
Um pouco mais da História de Igatu
Apesar Igatu ser hoje um dos lugares mais procurados pelo turismo na Chapada, a vila já passou por tempos difíceis no período do garimpo. Durante o século 19 o destino vivia a febre do diamante, chegando a ter mais de 30 mil habitantes, entre garimpeiros, senhores e suas famílias. A cidade era prospera e charmosa, com praças decoradas com ornamentos importados da Europa e grandes casarões, às custas da dor e do trabalho em condições escravas nas grunas.
Quando a atividade perdeu força na região, os senhores partiram e a cidade ficou totalmente abandonada. Pior, dizem até mesmo que cortaram os abastecimentos de Igatu propositalmente, deixando seu povo à mercê da própria sorte. Para completar a falta de trabalho e dinheiro, no mesmo período a região enfrentou uma das maiores secas da história, com dez anos de duração. Muita gente morreu de fome por lá ou tentando sair de lá.
Passadas algumas décadas desta história triste, Igatu se reconstruiu e se tornou um grande atrativo turístico. De paraíso dos garimpeiros, a vila se tornou um lugar descolado, com galerias de arte, restaurantes gostosos, pousadas charmosas e apenas 400 habitantes.
O que fazer em Igatu
Infelizmente, eu fui com pouco tempo e tive muita vontade de ficar mais na vila. A melhor forma de conhecer Igatu é passear sem pressa nas ruas de pedra. Além dos atrativos no centrinho, há vários passeios nos arredores. Com certeza vale a pena reservar uma pousada e deixar o destino como uma das cidades-base para conhecer a Chapada.
Projeto Brejo Verruga/Gruna dos Garimpeiros
Não deixe de fazer esse passeio, que fica a cinco minutos a pé do centrinho de Igatu. Vá diretamente para a casa branca que fica no alto de uma colina – é lá que ficam os guias. Há duas galerias: para visitar a primeira é preciso pagar R$ 5 e para ir até a segunda, R$ 10. Eu recomendo muito ir até a segunda, que é impressionante e tem uma energia muito forte. O nosso guia foi o Seu Gerson, um senhor muito simples e de uma família de garimpeiros.
Ele nos explicou como os escravos abriram a gruna (é chamada de gruna a caverna feita pelo homem, e gruta, quando é feita pela natureza), contou sobre a história do garimpo e nos levou à parte mais emocionante: a segunda galeria. No local há 45 estátuas que foram construídas em memória aos garimpeiros e Seu Gerson acendeu pacientemente as 45 velas que ficam em cada uma delas. Quando o local ficou iluminado, nós ficamos arrepiadas. A gruna era enorme e é chocante imaginar que aquilo foi feito pelo homem; ou melhor, por escravos em busca de diamantes. Percebemos a emoção de Seu Gerson contando sobre seus antepassados.
Na hora de ir embora ele fez questão de apagar todas as velas e nós observamos que ele fazia isso de uma forma curiosa; em vez de assoprar, ele fazia um vento com a mão para apagar o fogo. Nós perguntamos o por quê, e ele, feliz com a pergunta, explicou que, quando assopramos uma vela, estamos tirando energia do nosso corpo e nós não podemos desperdiçar essa energia. Ao apagar a vela desta forma, a energia e a luz da vela voltam para nosso corpo. Se você for por lá, procure Seu Gerson <3
Igreja de São Sebastião e Cemitério Bizantino
Perto da gruna, descendo a Rua do Bambolim, fica a igrejinha e um cemitério que foi feito em estilo bizantino. O lugar é interessante, porque é muito diferente das lápides que nós estamos acostumados. Elas são bem grandes e pintadas de branco. A Igreja de São Sebastião é uma gracinha, mas quando eu fui estava fechada.
Galeira Arte & Memória (Museu do Garimpo)
Para entender um pouco mais sobre a história de Igatu, não deixe de ir a este museu a céu aberto. É cobrada uma taxa de R$ 5 para a manutenção do local e uma guia explica cada um dos espaços. O centro cultural é muito charmoso e também conta com uma galeria de arte moderna e um café. ♦ Rua Luis dos Santos, s/nº.
Ruínas de Igatu
Seguindo pela rua do museu, se chega às Ruínas de Igatu. Na época do garimpo, o local era o principal bairro da cidade, onde moravam os garimpeiros. Atualmente há diversas casas de pedra em ruínas.
Rampa do Caim
A caminhada de três horas leva a um dos mirantes mais bonitos da Chapada, a Rampa do Caim. Não deixe de contratar um guia para fazer o passeio. A trilha começa perto da Gruna dos Garimpeiros e tem 5km de extensão. É recomendável fazer pela parte da manhã.
Cachoeiras nas proximidades
Igatu está rodeada de cachoeiras belíssimas. O roteiro mais famoso é fazer a Cachoeira Treze Barras e dos Cristais. A trilha para os dois destinos tem cerca de 8 km. Há também a Cachoeira do Taramba, Cachoeira do Pombos, Cachoeira Síberia, Piabinha, Tiburtino, Andorinhas, Funis e Cardoso.
Projeto Sempre Viva
Uma boa opção é combinar o passeio das cachoeiras Piabinha e Tiburtino a uma visita ao Projeto Sempre Viva, que fica bem próximo. A instituição tem como objetivo preservar a flor “Syngonanthus mucugensis Giulietti”, que também é chamada de Sempre Viva de Mucugê. Os visitantes podem admirar o museu e entrar no laboratório de pesquisas. O local fica a 20km de Igatu.
Festival de Igatu
Todos os anos, entre o final de agosto e início de setembro, há o Festival de Igatu, um evento que traz várias apresentações de música brasileira para a cidade. Para mais informações, acesse o site: www.festivaldeigatu.com.br
Atrativos próximos
Se você escolher Igatu como cidade-base, dá para conhecer os pontos turísticos que ficam nas proximidades. Alguns deles são o Poço Azul (a 60 km), Poço Encantado (a 37 km), Pantanal dos Marimbus, Vale do Pati, Mucugê (a 22km), Cachoeira do Buracão (a 100 km), Cachoeira da Fumacinha, entre outros.
Onde comer
Xique-xique – Foi a nossa escolha. A Dona Edilourdes serve um PF de respeito com um sabor delicioso de comida caseira. O prato custou R$ 15 e eu também pedi um suco de maracujá do mato que foi R$ 4.
Outras opções:
Café Galeria Arte & Memória – Dentro do Museu do Garimpo há uma lanchonete que serve cafés e crepes de diversos sabores.
Bar e Restaurante Água Boa – Com comida caseira, o restaurante serve PFs e outros pratos como galinha caipira, salada de batata da serra e carne de sol.
Restaurante Pedras de Igatu – O restaurante da Pousada Pedras de Igatu serve pratos diversos.
Onde se hospedar
Hostel Igatu – $ R$ 12 – R$ 50 ♦ Rua 7 de Setembro, s/nº
Pousada Pedras de Igatu – R$ ? ♦ Rua São Sebastião s/n
Estalagem Gotas D’Água – $ R$ ? ♦ Rua 2 de Julho, 21
Pousada Flor de Acunena – $ R$ 100 – R$ 340 ♦ Rua nova s/nº
Abrigo de Montanha Xique Xique – $ R$ 15 – R$ 70 ♦ Rua Sete de Setembro, s/nº
Como chegar em Igatu
A entrada de Igatu fica na estrada BA 142, a 12 km de Andaraí e a 20 km de Mucugê. Depois de passar pela entrada, é preciso subir por mais 6 km em uma estrada de pedras e terra. O visual desta estrada é impressionante, temos a sensação de estar entrando em um universo paralelo.
A empresa Viação Águia Branca faz saídas diárias de Salvador para Andaraí. Consulte o site.
Bancos
É bom saber que não há bancos em Igatu.
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