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Vale do Capão, a vila mais alto astral da Chapada Diamantina

por Gabriela Mendes

Vale do Capão, Capão, Lothlorien, Caeté-Açu ou também aquele lugar que as pessoas vão para passar as férias e acabam não indo embora. A vila, que só tem uma rua de pedra na (única) avenida principal, é simples e tem um clima tranquilo, que transmite uma paz instantânea assim que se chega.

A minha primeira impressão foi ainda mais especial. Depois de quatro dias de trekking, que ligava a cidade de Lençóis ao Capão, desci a trilha Cachoeira da Fumaça e tive a vista privilegiada do pôr do sol do vale. As casas iam aumentando de tamanho conforme seguíamos pelo caminho e o cansaço dos dias de caminhada se transformaram em uma sensação maravilhosa de estar chegando em um destino tão especial.

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A descida para o Vale do Capão com o Morrão no fundo, um dos principais cartões-postais da Chapada

Enquanto o sol de escondia atrás das montanhas, ficamos observando as casas coloridas, os moradores que tomavam a cervejinha do final da tarde e as crianças andando de bicicleta.

Apesar do clima roots, o Capão já viveu tempos tensos durante a época do garimpo, assim como praticamente todas as cidades da Chapada Diamantina. Porém, a partir dos anos 70 um grupo de oito hippongas acabou com o antigo clima de escravidão e da corrida do ouro e transformou a vila em um lugar, literalmente, de paz e amor.  Dando o nome de Lothlorien, ou seja, “sonho dourado”, em celta, nasceu o chamado, hoje, de Vale do Capão, ou, oficialmente, Caeté-Açu.

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O Vale do Capão fica a mil metros de altitude, sendo uma das cidades mais frias do Nordeste


Se você ficou com vontade de conhecer um pouco mais dessa terrinha mágica, confira as minhas dicas de restaurantes, passeios e outras cositas abaixo!

O que fazer no Vale do Capão

O ritmo do Capão é bem singular. Durante a parte da manhã as lojas abrem, à tarde fecham para o almoço e só reabrem a partir de umas 15, 16h. À noite o clima é mais animado, com os turistas que voltaram dos passeios e moradores passeando pela rua. O celular não pega e apenas alguns lugares tem internet. É uma desconexão total ao ritmo urbano.

Circo do Capão

Sim, tem um circo lindo no Capão! Com uma lona bem grande, trapézio, tecido, lira, corda bamba, aulas para adultos e crianças, além de espetáculos durante todo o ano. Quando eu soube disso foi amor a primeira vista. Há aulas em dias específicos, mas nós combinamos com a Nanci, uma das professoras, para fazer uma particular. Custou R$ 20 por pessoa para duas horas. É possível acampar por lá também. Consulte a programação do circo no Facebook oficial.

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Feirinha de domingo

Todo domingo de manhã rola uma feirinha de artesanato, comidas orgânicas e música na praça, uma graça.

Forró

Segundo os locais, “tem forró no Capão todo dia”. Eu, infelizmente, não dei a sorte de dançar nem uma música. Como eu fui em baixa temporada, não tinha muita gente na cidade, mas no verão é certo de dançar um forrozinho.

Lojas

O centro do Capão tem várias lojinhas de artesanato, produtos naturais e alimentos orgânicos que são produzidos nas redondezas como mel, café e chocolate.

Passeios partindo do Capão

O Capão é um ótimo destino para ficar de cidade-base e conhecer os passeios da Chapada. É de lá que partem algumas das melhores trilhas, como a do Vale do Pati, Cachoeira da Fumaça, grutas e rios. Há alguns lugares que são acessíveis à pé ou de mototáxi, porém, a grande maioria precisa de guia.

Cachoeira da Fumaça

O Capão é o melhor lugar para quem quer conhecer a Cachoeira da Fumaça. A trilha que começa a partir da Associação dos Guias dura cerca de 2 horas só de ida para chegar à chamada de “Fumaça por cima”. Para fazer a “Fumaça por baixo” é preciso de, pelo menos, dois dias de trekking com um guia e um bom preparo físico. A melhor forma de aproveitar esse roteiro é incluindo outras cachoeiras que ficam próximas, como a Capivara, Palmital, 21 e a Mixila.

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Núria no mirante da Cachoeira da Fumaça, que não apareceu na foto porque estava sem água

Cachoeira do Rio Preto e Rodas

Para chegar ao destino é possível seguir pela estrada de terra ou pegar um mototáxi até a entrada da trilha (R$ 4). A caminhada até Rodas dura cerca de 30 min e, até o Rio Preto, mais 30 minutos. No Rio Preto há um poço bem fundo, ótimo para tomar banho. É preciso contratar um guia.

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O Rio Preto costuma ficar com mais água, mas como fomos na época da seca, ele estava só com um poço pequeno

Riachinho

Na estrada para Palmeiras, a 4km do centro da vila, fica o Riachinho, uma cachoeira deliciosa para tomar banho. A dica é pegar um mototáxi (R$ 10) e combinar um horário para voltar. Porém, se você prefere economizar, pegue carona. A caminhada do início da trilha (onde tem um condomínio) dura apenas cinco minutos.

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O Riachinho fica a poucos minutos do centro do Capão e seu acesso é muito fácil

Poço da Angélica e Cachoeira da Purificação

O acesso ao local é feito a partir da Vila da Bomba, que fica a 8km do Capão. Da Bomba os turistas caminham por uma hora até o destino. É preciso contratar um guia.

Poço do Gavião

A duas horas de caminhada do Vale do Capão fica o Poço do Gavião, com 100 metros de extensão. É um ótimo lugar para tomar banho e observar a paisagem da Serra do Candombá. É preciso contratar um guia.

Águas Claras

A 15km do Capão, o destino conta com cachoeiras belíssimas, além de ser o ponto de partida para quem vai subir o Morrão. A caminhada dura duas horas e meia e há lugares para camping.

Morrão

A montanha é um dos principais cartões-postais da Chapada Diamantina, com seu formato único. A subida dura cerca de 2h30. No topo, é possível ter uma vista de tirar o fôlego do Vale do Capão e do Morro do Pai Inácio.

Dica: Alguns dos principais pontos turísticos como Morro do Pai Inácio, Gruta Torrinha, Gruta Azul, Pratinha, Poço do Diabo (que eu fiz a partir de Lençóis), podem ser feitos também a partir do Capão. A distância é praticamente a mesma do que a de Lençóis. O Capão também é um dos principais pontos de partida para o Vale do Pati, o trekking mais bonito do Brasil (que eu tive que deixar para a próxima viagem).

Para informações sobre guias e passeios, ligue para a Associação dos Condutores de Visitantes do Vale do Capão: (75) 3334-1087. Lembrando que eu recomendo MUITO o meu guia, o Beja, que mora no Capão. É só entrar em contato no Facebook dele, que ele sempre responde logo, ou entrar no site da Chapada Trip.

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O manifesto de paz e amor do Capão <3

Festivais

Festival de Jazz do Capão – 18 e 19 de setembro ● www.festivaldejazzdocapao.com.br
Festa de São João – Junho
Circuito de Arte e Cultura do Vale do Capão – Setembro
Festival Internacional Diamantino de Circo – Dezembro ● Facebook oficial

Onde comer no Vale do Capão

A ideologia de harmonia e bem-estar da vila também é traduzida na gastronomia, com restaurantes que prezam por produtos orgânicos, refeições caseiras e opções naturebas.

Dona Beli – Se você está com vontade de comer um PF de respeito, com gostinho de comida caseira, o Dona Beli é o lugar certo. A casa serve especialidades regionais como o godó de banana, carne do sol, tem opções vegetarianas e outras delícias $ PF inteiro: R$16; meio PF R$ 8 Fica bem no centrinho, na rua de pedras.

Pizza Integral Capão Grande – A pizzaria só serve dois sabores com massa integral: um de legumes e o outro de banana. Os dois são uma delícia, com a massa fina e o molho de tomate é feito na hora. Não deixe de provar o mel com pimenta, uma especialidade da casa. $ pizza para três pessoas R$ 42 No centrinho, na lateral da igreja.

Pastelaria da Dalva – A casa serve uma das especialidades do Capão, o pastel de jaca. Esqueça o gosto que você conhece da fruta, porque o sabor é bem diferente! Quem não quiser inovar tanto pode pedir outros pastéis bem gostosos. ♦ Na rua de pedras do centrinho.

Licor do Palito – Depois de um jantar bem gostoso, não deixe de provar os licores feitos pelo Palito. As bebidas artesanais têm vários sabores deliciosos. $ uma dose (que é do tamanho de um copo): R$5; garrafa pequena: R$ 15; garrafa de 1l: R$ 30.  ♦ Na rua de pedras do centrinho, na frente da farmácia.

*Bistrô Pachamama – O restaurante serve receitas da casa com muitas opções vegetarianas. Só abre para o janta e, às vezes, conta com música ao vivo. ♦  Fica no centinho do Capão

*Arômata D’Lagoa – O restaurante, que fica dentro da pousada Villa Lagoa das Cores, tem uma proposta mais sofisticada, com pratos da gastronomia internacional. ♦ Rua da Lagoa – acesso pela estrada Palmeiras-Capão, km 17Site oficial

*Obs: como nós ficamos hospedadas na casa do nosso guia, acabamos comendo pouco na rua. Porém, selecionei esses outros dois restaurantes que parecem gostosos. Há também vários lugares que servem café da manhã e lanches, a dica é ir conhecendo sem pressa.

Onde se hospedar no Vale do Capão

Pousada Pé no Mato$ R$ 50 – R$ 330 ♦ Ladeira da Vila, 2
Pousada Tatu Feliz – $ R$ 84 – R$ 203 ♦Rua Principal, s/n
Pousada Villa Lagoa das Cores – $ ♦ Rua da Lagoa, s/n (acesso pela estrada Palmeiras-Capão, km 17
Pousada e Camping Lakshmi – $ R$ 20 – R$ 140 ♦ Rua do Juca, s/n
Pousada Nós na Trilha $
Pousada Lendas do Capão – $ ♦ Rua dos Gatos, 201
Pousada do Capão – $ R$ 150 – R$ 500 ♦ Rua Chamego s/n
Camping Guapira$ R$ 20 ♦ Rua do Lagedo, 1975
Camping Ganesha$ Rua do Ginásio, s/n

Dicas de Airbnb no Vale do Capão

Suíte Ilha do Capão: a partir de R$130
Casinha de Madeira: a partir de R$230
Casa inteira no Vale do Capão: a partir de R$110
Astral do Vale – casinha Cosmos: a partir de R$140

Veja mais opções aqui:

Como chegar ao Vale do Capão

Há um ônibus de Salvador até Palmeiras (que é uma cidade próxima à vila). A empresa que realiza o serviço, a Real Expresso, tem saídas diárias (Salvador-Palmeiras: 7h, 13h, 17h, 23h; e Palmeiras-Salvador: 6h40, 12h25, 22h40). Cada trecho custa cerca de R$ 74. Chegando em Palmeiras é preciso pegar um taxi (cerca de R$ 100) ou uma das vans que partem para o Capão nos horários sincronizados das chegadas dos ônibus (R$ 12 por pessoa).

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O centrinho do Capão no pôr do sol

Bancos

Fique atento para não chegar no Capão sem dinheiro. Alguns estabelecimentos aceitam cartão, mas não há bancos da vila. O caixa eletrônico mais perto fica em Palmeiras e os locais sacam dinheiro “na farmácia”, com um tipo de transação que eu ainda não entendi como funciona!

Para conferir os gastos totais da viagem, clique aqui!

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6 Comentários

Conheça as maravilhas da Chapada Diamantina em um roteiro de 13 dias | Ecdemomania 28/10/2015 - 14:39

[…] Saiba mais sobre o Vale do Capão clicando aqui […]

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Ana K 06/01/2016 - 23:33

Olá! Estou na dúvida de onde me hospedar. A Pousada Tatu Feliz fica bem próximo aos restaurantes, como a Pizza Capão Grande? Sei que fica na rua principal, e que fica no começo, mas não tenho ideia da distancia. Grata!

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Gabriela Mendes 06/01/2016 - 23:35

Oi Ana! A Pousada tem uma localização excelente, fica bem na praça principal, onde tem tudo. É uns dois minutos de caminhada pra pizzaria hehe. Abraços e boa viagem 🙂

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Gabriela Mendes 20/09/2016 - 14:28

Oi Ana. Mil desculpas pela demora, o blog tava passando por uma reformulação. A Pousada Tatu Feliz fica perto de tudo, é uma ótima escolha! Fica bem no centrinho do Capão, onde tem restaurantes, lojas, etc. Beijos

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Conheça as maravilhas da Chapada Diamantina em um roteiro de 13 dias – Gira Mundo 16/11/2016 - 22:10

[…] Saiba mais sobre o Vale do Capão clicando aqui […]

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Chapada dos Veadeiros: tudo o que você precisa saber para programar a sua viagem | Gira Mundo – Dicas de Viagem e Roteiros Personalizados 17/08/2018 - 19:36

[…] de ruas de terra com atmosfera mais roots, que fica a 36km de distância, que lembra até mesmo o Vale do Capão, para quem já esteve na Chapada da […]

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