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Trekking no Parque Nacional da Serra dos Órgãos: a famosa travessia Petro-Terê

por Ursulla Lodi
Travessia Petro Tere

Um dos trekkings mais famosos do Brasil pela topografia exuberante da Serra dos Órgãos, a travessia Petrópolis – Teresópolis é um desafio que vale a pena ser vencido! Montamos um guia e relato com tudo o que você precisa saber para encarar essa aventura.  :)

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Quem é carioca tá acostumado a passear pela Região Serrana desde criancinha, seja pra conhecer a Cidade Imperial de Petrópolis ou para simplesmente curtir um friozinho. O cartão postal da região é o visual do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, que tem esse nome justamente pela semelhança da cadeia de montanhas principal com um órgão de igreja.

Fundado em 1939, o  PARNASO, administrado pelo ICMBio, é o terceiro parque mais antigo do país e está aberto para visitações o ano todo. A entrada para parte alta, no entanto, é controlada e paga, um valor justo para  sua conservação. Então se você quer fazer a travessia ou alguma trilha, lembre de comprar ingressos antecipados!

A travessia Petro-Terê, considerada uma das mais belas do país pelos amantes do mundo outdoor, é puxada. São 32km de subidas e descidas íngremes e cansativas ligando os dois municípios da Região Serrana do Rio de Janeiro, que são feitos normalmente em 3 dias e 2 noites. Mas é bem verdade que o grau de dificuldade depende da condição física de cada um, há quem faça essa maratona em 1 dia, haja disposição!

Mas de modo geral o trekking exige bastante esforço físico, tendo, inclusive alguns trechos de escalada mais perigosos em que é necessário equipamento de montanhismo e experiência, como os pontos do Cavalinho, Elevador e Mergulho. Por isso, se nunca fez esta travessia não se aventure a fazer sem um guia, mesmo que disponha de GPS e mapas! Além de perigoso ainda há o risco de se perder, sobretudo se estiver com tempo fechado e com neblina.

Se você é escoteiro de primeira viagem ou está em busca de uma trilha mais leve, talvez seja mais interessante subir até a Pedra do Sino, ponto culminante do parque com 2.275m de altitude que pode ser feito em 1 dia saindo da portaria de Teresópolis, com a opção de ainda pernoitar no abrigo e descer no dia seguinte, basta optar pelo ingresso “bate e volta com 1 pernoite”.

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No cume da Pedra do Sino, 2.275m de altitude

Apesar de não ser muito comum é possível ainda fazer a travessia no sentido contrário Terê-Petro. Todavia, este sentido não é muito praticado, pois os trechos são mais complicados de se fazer de forma inversa, além do visual não ser tão bonito, pois o trilheiro fica de costas para a vista.

A travessia

1º dia: Portaria de Petrópolis – Abrigo do Açú

Logo no primeiro dia o desafio é brabo! De cara são 7km com um desnível de 1.100m. Distância é uma coisa relativa na montanha. 200m com peso nas costas podem ser muito mais exaustivos do que quilômetros em linha reta. Então pra mim este foi o dia mais cansativo, esteja descansado! São 7h de caminhada, passando pelo Mirante da Pedra do Queijo, Isabeloca, Ajax e Chapadão do Açú, chegando por fim no abrigo do Castelos do Açú, onde é feito o pernoite. Ai é montar a barraca e começar a missãozinha boa de acamapar, tomar banho (hiper gelado!) e preparar o jantar.

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2º dia: Castelos do Açú – Pedra do Sino

Uma dica boa é acordar cedo pra ver o sol nascendo no Açú. O segundo dia é o dia mais visual, sobretudo se o tempo ajudar! Não demorou muito pra termos a vista do Morro do Garrafão, Dedo de Deus e da Pedra do Sino. Passado o Morro da Luva, o temido Elevador, Morro do Dinossauro, Dorso da Baleia, Mergulho e Cavalinho, considerado o trecho mais perigoso do trekking, chegando finalmente na Pedra do Sino depois de 8h de caminhada! A dica aqui é ir primeiro no abrigo, arrumar as coisas, botar o nome na fila do banho (quentinho!) e deixar pra ir no cume pra ver o pôr-do-sol. Fomos ainda recompensados com uma linda lua cheia saindo atrás do Parque Estadual dos Três Picos. O visual é incrível!

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3º dia: Pedra do Sino – Portaria de Teresópolis

Antes de começar a descida, vale a pena ir na Pedra da Baleia, onde é possível contemplar uma bela vista do Rio de Janeiro com o tempo aberto. A volta é uma trilha bem tranquila de cerca de 4h, que só foi chata pois meu pé já estava um fiasco por conta de botas apertadas. O sentimento da chegada é de vitória! É exaustivo, mas muito gratificante!

Pra fazer em dois dias, o pernoite é no abrigo do Castelos de Açú, seguindo direto no segundo dia em direção a Terê (12 horas de caminhada).

Animou? Então aqui vão algumas dicas úteis:

Chegue cedo na portaria do parque! Começar a trilha no máximo 9:30.

Invista em um bom calçado e meias de trekking. A bota deve ser sempre um número maior que o seu pé! Perdi 2 unhas com botas apertadas, mesmo já tendo feito outros trekkings com as mesmas. O pé chegou um caco, mas a alma renovada com os dias na montanha!

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Quando ir?

Durante o verão, apesar de ser menos frio, é bem provável que pegue tempestade, o que complica muito a trilha. Então se puder evite ir no verão e fique atento à previsão do tempo. Se for no inverno, esteja preparado para pegar bastante frio!

O que levar?

Leve o menor peso possível! Calcule e planeje bem seus lanches de trilha. Itens de higiene pessoal e de cozinha o ideal é que sejam divididos pelo grupo, cada um levando uma coisa. Não leve o que não vai usar! A dica é colocar tudo em saquinhos e pequenos frascos, se livrando das embalagens grandes.

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Parada pra um lanchinho pra recompor as energias!

Equipamento:

Mochila cargueira, barraca (leve e que caiba na mochila), isolante, saco de dormir, fogareiro, camelback (ao menos 2L), garrafa, clorin, canivete, isqueiro, capa da mochila, kit de primeiros socorros, toalha de secagem rápida, bastão de trilha (pode parecer frescura, mas faz muita diferença!), kit de cozinha (panelas, faca, etc) e kit de higiene pessoal (pasta e escova de dente, shampoo, protetor, sabonete e desodorante), saquinhos (lembrando que você deverá levar todo seu lixo de volta), máquina fotográfica.

Roupas de trekking:

Bota, calça tática ou legging, camiseta, casaco e calça fleece (para dormir), capa de chuva, luvas, gorro, casaco de pena, segunda pele, chinelo, meias e roupas íntimas. Dependendo da época do ano faz 0°C no topo da montanha, quando fomos, em abril, marcou 9ºC, com tempo limpo, então esteja preparado, lembrando que dormir na barraca é igual a dormir no relento!

Comida:

Castanhas, frutas secas, sanduíches, chocolate, barras de cereal e macarrão, são sempre uma boa pedida. Rolou até uma massa ao funghi no topo da montanha! A dica é fazer lanches de dia e uma refeição maior pela noite, já no abrigo.

É proibido:

Garrafas de vidro, fogueira, acampamento selvagem, jogar lixo no caminho, desrespeitar o horário de silêncio após as 22hrs, andar fora da trilha.

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Amanhecer no abrigo do Açú

Compra de ingressos

Os ingressos podem ser adquiridos no site www.parnaso.tur.br/ingresso e o valor varia conforme a época do ano (R$35-60). A opção mais comum para a travessia é “3 dias de trilha com 2 pernoites”, sendo o primeiro pernoite no abrigo do Castelos do Açú e o segundo na Pedra do Sino. Escolha sua data e compre com antecedência os ingressos do parque. A procura é grande e se deixar pra última hora corre o risco de ter que adiar a viagem, pois existe o limite rigoroso de 100 pessoas por dia.

No ato da compra é definido o tipo de pernoite que pode ser acampando no gramado do abrigo (R$18) ou estadia no interior do abrigo, caso você reserve um bivaque (R$25) – que nada mais é do que colchonete e isolante – ou beliche (R$40). Mas se você quer um pouquinho mais de conforto, fique atento! Essas duas últimas opções são as primeiras a esgotar. Você pode ainda reservar o aluguel de barracas nos abrigos (R$40), poupando alguns quilos na mochila. Quando você chega ela já está montadinha!

Como quem tá na chuva é pra se molhar, optamos pela opção mais barata, acampar e levar nossa própria barraca, até mesmo porque o interior abrigo do Castelos do Açú se encontrava em manutenção e teríamos que acampar de qualquer jeito no primeiro dia.

É possível ainda acrescentar a opção de 5 minutos de banho quente no abrigo da Pedra do Sino (R$20). É caro, mas acredite, depois de 2 dias andando e no frio que faz, pagaria até mais por esses 5 minutos! No abrigo do Açú é só banho frio (de doer) mesmo!

Não esqueça de imprimir os comprovantes da compra, eles deverão ser apresentados na portaria!

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Planejamento

Comprou o ingresso? Agora é hora de correr atrás de um guia. Eu recomendo muito o guia com quem eu fiz a travessia, Alex Amorim, super experiente e gente finíssima. Mas o site disponibiliza uma listagem dos guias credenciados, e seus respectivos contatos.

Se você vai de ônibus o ideal é comprar sua ida para Petrópolis e sua volta para Teresópolis. Quem vem de outros estados provavelmente terá que comprar passagens pro Rio e separadamente a pra Região Serrana.

Indo de carro o ideal é deixar o carro parado no destino final, Teresópolis e pegar um ônibus para Petrópolis (R$13). Em Terê, você pode parar na rua mesmo, ou estacionar no interior do parque, onde é cobrado estacionamento. Tem ainda uns esquemas de pessoas que levam seu carro de uma cidade pra outra.

Chegando em Petrópolis, a melhor opção é pegar um ônibus para o terminal de Corrêas, e de lá uma linha que vá até o Bonfim, onde fica a portaria do parque. É possível ainda pegar um táxi da rodoviária de Petrópolis até a entrada do parque (R$80-100, para até 4 pessoas). Demos sorte que nosso guia, Alex é de Teresópolis e nos encontrou na rodoviária de Terê, onde paramos o carro e começamos essa pequena jornada até chegar no Parque.

Contatos e valores

Ingresso do parque: R$35-60

Banho quente na Pedra do Sino: R$20

Camping: R$18 por noite

Bivaque: R$25 por noite (18 vagas)

Beliche: R$40 por noite (12 vagas)

Aluguel de barraca: R$40 por noite

Preço da guiada: R$250-300 por pessoa

Passagem Terê – Petrópolis: R$13

Táxi do centro de Petrópolis – Bonfim: R$80-100 (para até 4 pessoas)

Contato do PARNASO: (21)2152-1111

Contato do guia Alex Amorim: (21)99111-7420 / www.trekturismo.tur.br/ @trekturismo.tur.br

Bom giro, amantes da montanha! :)

 

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2 Comentários

Alex Sandro Amorim 19/07/2016 - 10:34

Ótimas dicas e parabéns pelo relato, foi realmente muito bom estar com vocês nesta travessia.Gratidão e conte comigo @trekturismo.tur.br

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Ursulla Lodi 26/09/2016 - 15:02

Até a próxima trilha!

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